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Foto do escritorErika Michalick

Sustentabilidade e Brands

Ser competitivo e bem-sucedido sempre foi desejo de uma boa marca. Porém, ao longo da história, os conceitos de competitividade e sucesso se modificam de acordo com a evolução da humanidade e das relações de trabalho e consumo. Dessa forma, podemos dizer que a construção de uma marca, atualmente, depende da capacidade que se tem para entender o desenvolvimento social e a evolução das necessidades da população, a tornando mais próxima de ser sustentável.


Falar em sustentabilidade é também falar da evolução do desenvolvimento social. Cada marca deve trazer quais são os elementos vitais da sua existência, como seus valores, sua capacidade de compreender e de colaborar com a agenda e os desafios do crescimento. É assim que elas têm sido cobradas de forma natural. Cada uma no seu tempo, mas todas refletindo sobre seu sentido futuro.


Para exigências do consumidor atual, a comunicação foi fundamental. A universalização da informação através dos veículos de comunicação, desde revistas até mídias sociais atuais, proporcionou à população mundial enxergar acontecimentos importantes e tomar consciência dos impactos para o planeta. Todos nós temos acesso aos fatos, como desastres ambientais ou sociais, e ao que está por trás desses episódios, além dos impactos que recaem no dia a dia da sociedade e chegam a cada um de nós.


Rodrigues, Callegaro e Seibert (2021)¹ da Universidade do Alto Uruguai, salientam que o consumidor utiliza e avalia as informações das marcas para definir a sua tomada de decisão e podem, ainda, apresentar sobrecarga de informações perante tanta informação disponível.


Por isso, a comunicação é elemento-chave. É através dela que a construção de uma marca e sua forma de relacionar com público vem modificando e tornando os fatores de transparência, ética e compromissos, pontos inegociáveis para fidelização ou mesmo para perenidade do negócio. Tendo isso em vista, competitividade e sucesso já não estão mais atrelados ao velho dicionário. Passam a depender de fatores intangíveis como valores na forma tangível de produto. Está no comportamento orgânico da relação marca, mercado, consumo.


Nesse sentido, as empresas que operam hoje criam valor não apenas para si próprias, mas também para todos os que se relacionam com o negócio e aqueles que estão à sua volta. Por isso, necessitam comprovar isso no dia a dia, em todas, sim, todas suas esferas relacionais: clientes, empregados, fornecedores, governanças, comunidades, investidores. Tal consciência é o centro da gestão da sustentabilidade, focada na perenidade dos negócios, ao mesmo tempo em que são consideradas questões regionais importantes.


Porém, esse não é um direcionamento novo para as marcas. A sustentabilidade está em nossa história há muito tempo. Ela está inserida na forma como nós queremos nos relacionar com o consumo e o impacto. O que vem modificando e, com muita força, são nossos mecanismos de exigir, checar e monitorar produtos e processos. Enquadrados em grupos – como clientes, empregados, investidores, etc. – vamos aos poucos criando as tendências. Mas, é verdade que observar a diversidade das ações realizadas nos âmbitos econômico, ambiental e social nos faz entender mais sobre nós e sobre a evolução do mundo.


No Brasil, temos grandes desafios socioeconômicos e ambientais para o desenvolvimento sustentável. A desigualdade social é o fator de maior preocupação visto que gera impactos diretos no crescimento econômico do país. E, a situação é ainda mais grave para jovens e mulheres. Cotrim, Teixeira e Proni (2018)² do Instituto de Economia da Unicamp, por exemplo, analisam a desigualdade de gênero no mercado de trabalho formal no Brasil, salientando os entraves e as dificuldades de combater as persistentes desigualdades de caráter estrutural.


Na Educação, a situação também é preocupante. Segundo o portal Sua Escola, menos de 20% da população brasileira possui hoje condições de educação e padrão de vida que podem ser comparados a países desenvolvidos. Os outros 80%, ou seja, a maioria da população, encontram-se em níveis bem modestos, em alguns casos, podendo ser comparados aos padrões de educação de países africanos mais pobres.


Esse cenário é refletido nas empresas. Há limitação na expansão das empresas e na cadeia de fornecimento pelo acesso a mão de obra qualificada. Os investimentos são crescentes em capacitação e qualificação básica para os funcionários, que têm grandes dificuldades de inclusão técnica a novos postos de trabalho.

Os gastos em educação ambiental estão maiores, além do aumento de investimento nas áreas de saúde e segurança, entre outros impactos para as organizações pela falta da educação básica de qualidade para todos.


Com essas questões em perspectiva, podemos considerar que o esforço na transformação desse cenário deve ser conjunto. Um elo entre governo, empresas e sociedade civil. As formas de atuação de cada parte precisam estar declaradas de forma ética e transparente para não haver sobreposição de valores ou obrigações primárias. Durante essa transformação, veremos que marcas poderão ocupar o papel da sociedade civil ou do governo em algumas situações, mas deve estar claro a todos como uma forma de fomentar, ensinar ou mesmo acelerar o caminho para o desenvolvimento.


O processo é longo uma vez que se trata da formação de novas gerações, que cada vez mais irão se posicionar frente ao mercado de forma diferente. Compreender o desenvolvimento do mundo, seus desafios e suas oportunidades. Este é o maior indicador de riscos para uma marca. Existem diversos caminhos viáveis para contribuir visando o crescimento sustentável.



Referências


¹ HERMES RODRIGUES, D.; CALLEGARO, A. R.; SEIBERT, R. O impacto gerado nos consumidores pela sobrecarga de informações no contexto online: uma construção teórica. Encontro Internacional de Gestão, Desenvolvimento e Inovação (EIGEDIN), v. 5, n. 1, 29 set. 2021.


² Cotrim, L. R., Teixeira, M. O., & Proni, M. W. (2020). Desigualdade de gênero no mercado de trabalho formal no Brasil. Texto para Discussão, (383), 1–29. IN: Bachion Ceribeli, H., Marci Fagundes Coutinho, C., Nunes Maciel, G., & de Abreu Pereira Silva, A. (2022). O Impacto da Pandemia da Covid-19 Sobre as Mães em Home Office: um Estudo na Região Sudeste do Brasil. Revista Gestão & Conexões, 11(3), 32–54. https://doi.org/10.47456/regec.2317-5087.2022.11.3.37554.32-54



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